#150 - Transistor de Germânio AF126

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Os primeiros transistores comerciais eram muito delicados, podiam parar de funcionar apenas com uma leve pancada.

O rendimento da produção era muito baixo, não raro apenas 1% funcionava.
Eles nasceram a partir do Germânio muito purificado.

Mas, melhoram muito e dominaram várias áreas da tecnologia, principalmente quando o Germânio foi substituído pelo Silício.

Ainda é possível encontrar transistores de Germânio em estoques antigos de tradicionais lojas de material eletrônico.

A foto mostra o interior do transistor para RF de Germânio AF126 fabricado na década de 1970 pela Philips.

Ele apresenta características incomuns para um transistor de Germânio: Beta = 150 e frequência de transição = 75 MHz.

Naquele tempo, a China nem sonhava em produzir componentes eletrônicos.




Escrito e desenvolvido por Léo Corradini

O transistor de germânio AF126 foi produzido em dois formatos.

No início da década de 1960 foi lançado o AF116 que tinha o invólucro TO7 e tempos depois surgiu o AF126.
Eles fazem parte de uma linha com oito modelos, todos PNP e com características quase iguais.


Por ter um invólucro maior, o AF116 e irmãos podem dissipar uma potência um pouco mais alta. 

Aliás, a primeira vez que tive contato com o AF116 foi no sensacional kit "Engenheiro Eletrônico" da Philips.
https://potassio-40.blogspot.com/2018/09/kit-de-eletronica-da-philips.html




O invólucro TO7 do AF116 é mais apropriado para montagens em réguas de terminais, herança do tempo das válvulas.





Já o invólucro TO72 do AF126 foi pensado na montagem em circuito impresso.

O antigo AF116 e irmãos sofrem de um problema congênito grave.
Eles param de funcionar depois de alguns anos (em geral décadas) e o problema não está nas junções.

São vítimas de um fenômeno muito curioso chamado  
Tin Whiskers.

Veja mais sobre esse fenômeno aqui:

https://potassio-40.blogspot.com/2019/11/transistor-af116-e-os-tin-whiskers.html

Felizmente, seus primos com o invólucro TO72 não compartilham desse problema genético.

Os AF126 que encontrei no mercado estavam muito oxidados.



E usando as técnicas descritas aqui:
https://potassio-40.blogspot.com/2017/11/o-objetivo-deste-ensaio-e-determinar_8.html

Receberam uma nova capa de estanho puro.



Internamente, as junções são protegidas com graxa de silicone.



Para limpar as junções e fazer a foto, usei querosene.





Existe mais uma curiosidade sobre os transistores de germânio em particular os PNP que poucos conhecem.

Como todos sabem, as junções da maioria dos transistores de germânio são produzidas pela técnica de liga com outro metal.
No caso dos transistores tipo PNP é usado tipicamente o metal índio.

O índio é um metal muito macio, brilhante e radioativo!

Ele é composto por dois isótopos:

- Índio-113 - 4,28% - estável

- Índio-115 - 95,72% - radioativo 

Emite radiação Beta com meia-vida de 4,41 × 10^14 anos transformando-se em Estanho-115 estável.

Como a meia-vida é muito longa, a radioatividade é muito baixa.
Mesmo assim, eu comprei um pouco desse metal para tentar detectar essa radiação.



Veja o primeiro ensaio com essa amostra, aqui:
https://potassio-40.blogspot.com/2018/06/radioatividade-do-metal-indio-segundo.html

Futuramente, farei um novo ensaio usando a válvula Geiger-Müller SBM-20, mais sensível.

Eu cheguei na radioatividade do índio fazendo testes com a tela de um Smartphone.
Descobri que a tela do Smartphone é radioativa e a minha primeira suspeita foi o óxido de índio dopado com estanho usado como condutor transparente.

Veja o ensaio aqui:
https://potassio-40.blogspot.com/2018/06/radioatividade-na-tela-do-smartphone.html

Que me levou a fazer este primeiro ensaio com o índio retirado de transistores.

https://potassio-40.blogspot.com/2018/06/radioatividade-do-metal-indio.html

Atualmente, a minha suspeita recai sobre outro possível elemento adicionado ao vidro da tela.
Esse elemento é muito conhecido neste blog !

Radioatividade na tela do Smartphone #3 

https://potassio-40.blogspot.com/2020/05/radioatividade-na-tela-do-smartphone-3.html



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