#201 - Radônio da Argila

 O objetivo desta postagem é mostrar a técnica para detectar a emissão de radônio por pequenas amostras de rochas radioativas. Este ensaio será de tabletes de Argila.

Escrito e desenvolvido por Léo Corradini


 Teoria do ensaio:

A argila contém pequenas quantidades de potássio, tório e urânio que a torna radioativa.

O urânio, em particular, produz em sua cadeia de desintegração um gás também radioativo chamado Radônio.

O Radônio tem meia vida relativamente longa (3,8dias) que favorece a sua saída pela eventual porosidade dessa rocha.

O princípio de funcionamento deste ensaio está baseada em dois fenômenos que foram observados ao longo dos vários ensaios já mostrados neste blog.

O primeiro fenômeno é a produção de uma poeira radioativa produzida pela conversão do Radônio-222 em Polônio-218 que vai depositar-se nas proximidades da rocha emissora do gás.

O segundo fenômeno está relacionado com a polaridade da alta tensão aplicada na válvula Geiger-Müller (SBM-20) usada nas medições.

No ensaio da radioatividade da moringa de argila ocorreu um efeito inesperado e muito curioso, a válvula Geiger SBM-20 ficou radioativa por alguns dias.

A explicação para esse fato está justamente na combinação dos dois fenômenos descritos acima.

Assim, o potencial elétrico de 400V usado para polarizar a SBM-20 atrai a poeira radioativa e torna a válvula radioativa com um nível suficiente para ser detectado por um período de alguns dias.

Esses fenômenos só foram possíveis em função da emanação do gás radioativo (radônio) pela argila.

Então, a ideia foi colocar uma amostra de argila ou outra rocha dentro de um espaço confinado junto com a válvula SBM-20 e medir a radioatividade com e sem a presença da amostra.

 

Perceba que os filhos do Polônio-218 têm meia-vida relativamente curta, isso significa que são muito radioativos. O Chumbo-214 e o Bismuto-214 emitem Beta e Gama que podem ser detectados pela SBM-20.

Já o Chumbo-210 tem meia-vida relativamente longa e vai reduzir bastante as contagens no ensaio.


O ensaio:

Montei a válvula SBM-20 junto com quatro tabletes de Argila com 100x45x20mm dentro de uma lata.

A polarização da válvula SBM-20 passou por dois cabos com isolação grossa de silicone pela tampa de metal.


Usei o contador para baixos níveis de radiação para fazer as totalizações.


Dessa forma, o radônio produzido pela argila ficou confinado junto com a válvula.

Resultados:

Foram sete ensaios, sendo um com os tabletes argila e seis sem a amostra.

 

Conclusão:

Neste ensaio, percebemos claramente que houve emissão de radônio pelos tabletes de Argila !

Pela experiência anterior, esse resultado era o esperado para a Argila.

Acredito que um ambiente interno com tijolos a vista está mais sujeito a contaminação pelo Radônio.

Portanto, a minha sugestão é manter tais ambientes bem ventilados.

Veja também:

 Índice do Blog
https://potassio-40.blogspot.com/2017/11/blog-post.html

Contador Geiger para baixos níveis de radioatividade
https://potassio-40.blogspot.com/2019/09/contador-geiger-para-baixos-niveis-de.html

Polaridade do Polônio # 1
https://potassio-40.blogspot.com/2019/12/polaridade-do-polonio-1.html

Radioatividade da Moringa de Argila #1
https://potassio-40.blogspot.com/2021/10/177-radioatividade-da-moringa-de-argila.html

Radônio do Granito
https://potassio-40.blogspot.com/2022/09/187-radonio-do-granito-1.html


Comentários

  1. Corradini, aguardamos ansiosos por mais uma experiência criativa e instigante, que você nesses anos, tem compartilhado conosco. Desvendando tesouros nessa infinita ignorância humana. Gratidão. grpchara@protonmail.com

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    1. Olá Gustavo, aguarde, tenho vários experimentos em andamento !

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