#187 - Radônio do Granito #1

 O objetivo desta postagem é mostrar a técnica para detectar a emissão de radônio por pequenas amostras de rochas radioativas. Este ensaio será do granito Cinza Corumba.

Escrito e desenvolvido por Léo Corradini


Teoria do ensaio:

Os granitos contém pequenas quantidades de potássio, tório e urânio que os tornam radioativos.

O urânio, em particular, produz em sua cadeia de desintegração um gás também radioativo chamado Radônio.

O Radônio tem meia vida relativamente longa (3,8dias) que favorece a sua saída pela porosidade natural do granito.

O princípio de funcionamento deste ensaio está baseada em dois fenômenos que foram observados ao longo dos vários ensaios já mostrados neste blog.

O primeiro fenômeno é a produção de uma poeira radioativa produzida pela conversão do Radônio-222 em Polônio-218 que vai depositar-se nas proximidades da rocha emissora do gás.

O segundo fenômeno está relacionado com a polaridade da alta tensão aplicada na válvula Geiger-Müller (SBM-20) usada nas medições.

No ensaio da radioatividade da moringa de argila ocorreu um efeito inesperado e muito curioso, a válvula Geiger SBM-20 ficou radioativa por alguns dias.

A explicação para esse fato está justamente na combinação dos dois fenômenos descritos acima.

Assim, o potencial elétrico de 400V usado para polarizar a SBM-20 atrai a poeira radioativa e torna a válvula radioativa com um nível suficiente para ser detectado por um período de alguns dias.

Esses fenômenos só foram possíveis em função da emanação do gás radioativo (radônio) pela argila.

Então a ideia foi colocar uma amostra de granito ou outra rocha dentro de um espaço confinado junto com a válvula SBM-20 e medir a radioatividade com e sem a presença da amostra.


Perceba que os filhos do Polônio-218 têm meia-vida relativamente curta, isso significa que são muito radioativos. O Chumbo-214 e o Bismuto-214 emitem Beta e Gama que podem ser detectados pela SBM-20.

Já o Chumbo-210 tem meia-vida relativamente longa e vai reduzir bastante as contagens no ensaio.

O ensaio:

Montei a válvula SBM-20 junto com quatro amostras de granito Cinza Corumba com 100x45x20mm dentro de uma lata. 


A polarização da válvula SBM-20 passou por dois cabos com isolação grossa de silicone pela tampa de metal.


Usei o contador para baixos níveis de radiação para fazer as totalizações.

Dessa forma, o radônio produzido pela rocha ficou confinado junto com a válvula.


Resultados:

Foram seis ensaios, sendo um com a rocha e cinco sem a amostra.

Percebemos claramente que a válvula ficou ligeiramente radioativa por um período de pelo menos três dias, ensaios 3, 4,e 5. 

Temos uma forte evidência experimental que o granito testado emitiu radônio.

Conclusão:

De forma relativamente simples foi possível detectar a emissão de radônio de uma pequena amostra de granito.

Acredito que esse método é confiável e permitirá ensaiar vários materiais suspeitos de emitir radônio !

Veja também:

 Índice do Blog
https://potassio-40.blogspot.com/2017/11/blog-post.html

Contador Geiger para baixos níveis de radioatividade
https://potassio-40.blogspot.com/2019/09/contador-geiger-para-baixos-niveis-de.html

Polaridade do Polônio # 1
https://potassio-40.blogspot.com/2019/12/polaridade-do-polonio-1.html

Radioatividade da Moringa de Argila #1
https://potassio-40.blogspot.com/2021/10/177-radioatividade-da-moringa-de-argila.html




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