#199 - Radônio da Ardósia
O objetivo desta postagem é mostrar a técnica para detectar a emissão de radônio por pequenas amostras de rochas radioativas. Este ensaio será da Ardósia.
Escrito e desenvolvido por Léo Corradini
Teoria do ensaio:
A ardósia contém pequenas quantidades de potássio, tório e urânio que a torna radioativa.
O urânio, em particular, produz em sua cadeia de desintegração um gás também radioativo chamado Radônio.
O Radônio tem meia vida relativamente longa (3,8dias) que favorece a sua saída pela eventual porosidade dessa rocha.
O princípio de funcionamento deste ensaio está baseada em dois fenômenos que foram observados ao longo dos vários ensaios já mostrados neste blog.
O primeiro fenômeno é a produção de uma poeira radioativa produzida pela conversão do Radônio-222 em Polônio-218 que vai depositar-se nas proximidades da rocha emissora do gás.
O segundo fenômeno está relacionado com a polaridade da alta tensão aplicada na válvula Geiger-Müller (SBM-20) usada nas medições.
No ensaio da radioatividade da moringa de argila ocorreu um efeito inesperado e muito curioso, a válvula Geiger SBM-20 ficou radioativa por alguns dias.
A explicação para esse fato está justamente na combinação dos dois fenômenos descritos acima.
Assim, o potencial elétrico de 400V usado para polarizar a SBM-20 atrai a poeira radioativa e torna a válvula radioativa com um nível suficiente para ser detectado por um período de alguns dias.
Esses fenômenos só foram possíveis em função da emanação do gás radioativo (radônio) pela argila.
Então, a ideia foi colocar uma amostra de ardósia ou outra rocha dentro de um espaço confinado junto com a válvula SBM-20 e medir a radioatividade com e sem a presença da amostra.
Perceba que os filhos do Polônio-218 têm meia-vida relativamente curta, isso significa que são muito radioativos. O Chumbo-214 e o Bismuto-214 emitem Beta e Gama que podem ser detectados pela SBM-20.
Já o Chumbo-210 tem meia-vida relativamente longa e vai reduzir bastante as contagens no ensaio.
O ensaio:
Montei a válvula SBM-20 junto com quatro amostras de Ardósia com 100x45x20mm dentro de uma lata.
A polarização da válvula SBM-20 passou por dois cabos com isolação grossa de silicone pela tampa de metal.
Usei o contador para baixos níveis de radiação para fazer as totalizações.
Dessa forma, o radônio produzido pela rocha ficou confinado junto com a válvula.
Resultados:
Foram e dez ensaios, sendo dois com a rocha e oito sem a amostra.
Neste ensaio, percebemos claramente que não houve emissão de radônio pela Ardósia !
A Ardósia mostrou que é radioativa, porém os valores de radioatividade voltaram para o valor de fundo depois que a rocha foi retirada da lata.
Temos uma forte evidência experimental que a ardósia não emite radônio suficiente para ser detectado por este método de ensaio.
Isso significa que a quantidade de radônio que essa rocha emite é muito pequena e restrita à produzida na superfície.
Conclusão:
Eu tinha quase certeza que a Ardósia também emitia radônio, mas aí que está a beleza dos experimentos !
O ensaio demonstrou que o radônio produzido na Ardósia fica confinado dentro dela !
Agora, fico mais tranquilo quando visito um ambiente fechado com piso de Ardósia e não tem ventilação muito boa.
Veja também:
Índice do Blog
https://potassio-40.blogspot.com/2017/11/blog-post.html
Contador Geiger para baixos níveis de radioatividade
https://potassio-40.blogspot.com/2019/09/contador-geiger-para-baixos-niveis-de.html
Polaridade do Polônio # 1
https://potassio-40.blogspot.com/2019/12/polaridade-do-polonio-1.html
Radioatividade da Moringa de Argila #1
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Radônio do Granito
https://potassio-40.blogspot.com/2022/09/187-radonio-do-granito-1.html
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