#189 - Radônio da Areia Monazítica

O objetivo desta postagem é mostrar o ensaio para detectar a emissão de radônio pela areia monazítica.

Escrito e desenvolvido por Léo Corradini

Teoria do ensaio:

A areia monazítica contém pequenas quantidades de tório e urânio que a torna radioativa.

O urânio, em particular, produz em sua cadeia de desintegração um gás também radioativo chamado Radônio.

O Radônio tem meia vida relativamente longa (3,8dias) que favorece a sua saída da areia.

O princípio de funcionamento deste ensaio está baseada em dois fenômenos que foram observados ao longo dos vários ensaios já mostrados neste blog.

O primeiro fenômeno é a produção de uma poeira radioativa produzida pela conversão do Radônio-222 em Polônio-218 que vai depositar-se nas proximidades da areia emissora do gás.

O segundo fenômeno está relacionado com a polaridade da alta tensão aplicada na válvula Geiger-Müller (SBM-20) usada nas medições.

No ensaio da radioatividade da moringa de argila ocorreu um efeito inesperado e muito curioso, a válvula Geiger SBM-20 ficou radioativa por alguns dias.

A explicação para esse fato está justamente na combinação dos dois fenômenos descritos acima.

Assim, o potencial elétrico de 400V usado para polarizar a SBM-20 atrai a poeira radioativa e torna a válvula radioativa com um nível suficiente para ser detectado por um período de alguns dias.

Esses fenômenos só foram possíveis em função da emanação do gás radioativo (radônio) pela argila.

Então a ideia foi colocar uma amostra da areia dentro de um espaço confinado junto com a válvula SBM-20 e medir a radioatividade com e sem a presença da amostra.



Perceba que os filhos do Polônio-218 têm meia-vida relativamente curta, isso significa que são muito radioativos. O Chumbo-214 e o Bismuto-214 emitem Beta e Gama que podem ser detectados pela SBM-20.

Já o Chumbo-210 tem meia-vida relativamente longa e vai reduzir bastante as contagens no ensaio.

O ensaio:

Montei a válvula SBM-20 junto com 185g de areia monazítica divididas em quatro provetas pequenas de vidro dentro de uma lata.
 


A polarização de 400V da válvula SBM-20 passou por dois cabos com isolação grossa de silicone pela tampa de metal.
 

 


Usei o contador para baixos níveis de radiação para fazer as totalizações.



Dessa forma, o radônio produzido pela areia ficou confinado junto com a válvula.

Resultados:
 
Foram seis ensaios, sendo um com a areia e cinco sem a areia.

Percebemos claramente que a válvula ficou ligeiramente radioativa por um período de pelo menos dois dias, ensaios 3 e 4.

Temos uma forte evidência experimental que a areia testada emitiu radônio.


Suspeitei que poderia melhorar esses números colocando a areia num suporte mais permeável.

Então, planejei um novo ensaio, desta vez colocando a mesma quantidade de areia em envelopes improvisados de papel filtro.



Os resultados do segundo conjunto de ensaios não decepcionaram !


Conclusão:

De forma relativamente simples foi possível detectar a emissão de radônio de uma pequena amostra de areia monazítica.

Acredito que o radônio produzido pela areia em ambientes abertos seja seguro em função da ventilação, mas será perigoso armazenar grandes quantidades em ambientes fechados.

Por outro lado, o radônio produzido pela areia que está imersa, muito provavelmente, vai se dissolver na água, mas uma parte será emitida no momento da rebentação na praia. 

Veja também:

 Índice do Blog
https://potassio-40.blogspot.com/2017/11/blog-post.html

Contador Geiger para baixos níveis de radioatividade
https://potassio-40.blogspot.com/2019/09/contador-geiger-para-baixos-niveis-de.html

Polaridade do Polônio # 1
https://potassio-40.blogspot.com/2019/12/polaridade-do-polonio-1.html

Radioatividade da Moringa de Argila #1
https://potassio-40.blogspot.com/2021/10/177-radioatividade-da-moringa-de-argila.html


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