#195 - Sal Integral

O objetivo desta postagem é mostrar o teste de detecção de radioatividade do sal integral.

Escrito e desenvolvido por Léo Corradini


 Conceituando:

Vou chamar de sal integral aquele que possui todos os íons presentes originalmente na água do mar.


Além desses principais, existem muitos outros em menor quantidade
Temos quase toda a Tabela Periódica representada na água do mar !

Produzindo o sal integral:

Não encontrei sal integral a venda no comércio, então extrai o sal de dois litros de água do mar usando uma panela de cerâmica.



Depois de algumas horas de fervura, o sal estava seco e pronto para o experimento.


Resultou aproximadamente 70g de sal que podemos chamar de integral porque tem quase tudo que está presente na água do mar. 

O ensaio:

Foram três ensaios usando o contador Geiger para baixos níveis de radioatividade;

- Radiação de fundo
- Radiação do sal integral (70g)
- Radiação do sal comum de cozinha (70g)

No ensaio de radiação de fundo, a válvula SBM-20 ficou no mesmo local dos outros testes por 24 horas, porém sem a amostra de sal.


Para proteger a válvula Geiger e isolar da alta tensão, coloquei o sal integral e o sal comum dentro de um saquinho de polietileno.




Resultados:


Conclusões:

Não há dúvida de que o sal integral é radioativo !

Para quem acompanha este blog, já percebeu que o motivo do sal integral ser radioativo é a presença do íon potássio na água do mar.
A água do mar também tem pequenas quantidades de urânio, tório e seus filhos. Mas, certamente o potássio foi o responsável pela radioatividade mostrada neste ensaio.

Talvez, você deva estar estranhando o valor menor que a radiação de fundo no ensaio do sal comum.
A razão para esse número menor é o que chamo de efeito blindagem.

O efeito blindagem acontece quando colocamos um material muito pouco radioativo sobre a válvula Geiger, então esse material funciona como uma blindagem para a radiação de fundo !  

Muito se fala sobre o sal integral nos vídeos e textos que encontramos na internet.
Em geral, apregoando maravilhas para a  nossa saúde.

Apesar de tudo de bom que se fala sobre ele na internet, acredito que não podemos ingerir esse sal !
Em princípio, para chamar de sal integral, ele deveria conter todos os íons presentes na água do mar, mas isso não é bom ! 

Na água do mar temos diversos íons, principalmente, cloreto, sulfato, sódio, magnésio, potássio e cálcio.
Além de muitos outros em quantidade bem menor.

 Mas, porque não é bom inseri-lo ? 

Os íons sulfato e magnésio podem causar diarréia e têm um gosto desagradável.
Os íons potássio e cálcio também não tem um bom sabor. 

Apesar do potássio ser usado no sal light, tem um sabor metálico. 

Por outro lado, existem, em pequenas quantidades, íons muito tóxicos que poderiam se acumular no organismo. 

Perceba que apesar dos íons potássio, cálcio e magnésio serem importantes para a nossa saúde, não causam uma boa experiência ao paladar.
Afinal o sal serve essencialmente para temperar e somente os íons cloreto e sódio tem essa propriedade.
 

E como resolver tudo isso ? 

Usando as salinas ! 

Nas salinas os íons cloreto e sódio, por estarem em maior quantidade, separam-se naturalmente no momento da cristalização e quando os cristais são empilhados nas montanhas também ocorre essa separação porque os demais íons são mais solúveis e escapam por baixo das pilhas de cristais (aglomerados iônicos de cloreto de sódio). 

Existe um outro problema com o sal integral, os íons magnésio e cálcio são extremamente higroscópicos, o saleiro vai virar uma poça melequenta em pouco tempo. 

Neste ensaio, deixei três gramas do sal comum (sem antiumectante) e três gramas de sal integral expostos ao ar por alguns dias.


Resultado, depois de alguns dias:


Perceba a enorme quantidade de água que o sal integral pegou da atmosfera !

Neste ensaio usei sal refinado sem antiumectante e iodo, vendido em farmácias.
O antiumectante tem a finalidade de evitar que o sal empedre no saleiro.

Resumo da ópera, acredito que não existe sal integral à venda e se existisse seria um problema !

Veja também:

Índice do Blog
https://potassio-40.blogspot.com/2017/11/blog-post.html

Contador Geiger para baixos níveis de radioatividade
https://potassio-40.blogspot.com/2019/09/contador-geiger-para-baixos-niveis-de.html

Comentários

  1. Lembro-me que, quando criança, havia uma profusão maior de marcas e tipos de sal aqui no Rio de Janeiro, que incluíam o sal integral, conhecido como "sal marinho", muitas delas originárias das diversas salinas da Região dos Lagos (Araruama, Saquarema, Cabo Frio, Arraial do Cabo, São Pedro da Aldeia, etc.).

    Ao passar de carro por lá, ainda quando crianças, nos encantávamos com as montanhas e montanhas de sal ao longo do caminho e os "cata-ventos", girando e girando, puxando a água do mar para encher as salinas!

    E lembro-me também que a fins dos anos 60 ou início dos anos 70, várias indústrias começaram a separar e comercializar apenas o cloreto de sódio do "sal marinho", justamente para ter um produto "mais seco" que atendesse às reclamações das donas de casa que não queriam um sal que ficasse "empapado de água" (o que se devia, em grande parte, ao cloreto de magnésio, que era extremamente higroscópico, que deixou de estar presente no sal que era, então, comercializado).

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